Você já deve ter ouvido falar no “estilo de vida” minimalista…
Esse termo ganhou muita força nos últimos anos, principalmente durante a pandemia. Para aqueles que não sabem, minimalismo é um estilo de vida onde se aplica um esforço constante para reduzir tudo ao mínimo, seja na arquitetura, no design, nas peças do seu guarda roupas e até mesmo na suas relações, hobbies e afazeres.
Inclusive saiu recentemente um artigo sobre o perigo do minimalismo e a morte do detalhe (The Danger of Minimalist Design & the Death of Detail), do qual trouxe algumas imagens para ilustrar abaixo.
Aqueles que defendem esse estilo de vida vão dizer que minimalismo é a noção em reduzir os elementos somente ao necessário.
Aí nasce um grande problema: quem está decidindo o que é necessário e quem está decidindo o que é demais?
É aqui que o essencialismo entra em cena. O essencialismo propõe uma abordagem diferente, centrada em identificar e focar no que é verdadeiramente essencial em nossas vidas, em vez de simplesmente eliminar o que considera-se supérfluo. Em outras palavras, o essencialismo nos convida a definir nossas prioridades com clareza e a concentrar nossos recursos e energia apenas nas coisas que realmente importam para nós.
Enquanto o minimalismo muitas vezes pode parecer uma busca interminável pelo "menos", o essencialismo busca um equilíbrio mais sábio entre simplificação e significado. Ele emerge como uma opção que valoriza a qualidade sobre a quantidade.
Os Essencialistas
Antes de entrarmos em como funciona a lógica de um essencialista e como ele toma decisões, quero deixar claro que hoje em dia vemos várias nomenclaturas e siglas surgindo para coisas que sempre existiram. O que me deixa mais perplexo é que são coisas extremamente simples, mas que após serem batizadas com um nome bonitinho, ganham holofotes como uma super novidade.
Os exemplos são inúmeros… o mais recente é o tal do método inbox zero, que nada mais é que uma abordagem de gerenciamento de email que visa manter a caixa de entrada vazia. Não duvido que na época do Brasil Colônia já existia o "Método Pombo Zero" para manter as mensagens enviadas por pombo correio devidamente organizadas.
Acabei divagando, mas tudo isso para dizer que o Essencialismo sempre existiu e você deve ter ouvido falar de algum essencialista, como:
- Steve Jobs: o co-fundador da Apple era conhecido por sua abordagem essencialista ao focar na criação de produtos revolucionários e simplificar o portfólio da empresa.
- Coco Chanel: ela revolucionou a indústria ao criar roupas elegantes e simples, eliminando o excesso de ornamentos que eram comuns na moda de sua época. Sua famosa frase "A moda sai de moda, o estilo nunca" reflete sua ênfase na simplicidade e no essencial.
- Marcus Aurelius: governou o Império Romano enquanto escrevia seus famosos "Meditações". Suas reflexões sobre o essencialismo e a virtude ainda são lidas hoje como um guia para uma vida centrada em valores essenciais.
Mas, foi só recentemente, em 2014, que Greg McKeown publicou o seu livro Essencialismo: a disciplinada busca por menos, onde cunhou e estruturou o termo Essencialismo (e como adotá-lo).
Há uns 2 anos o li e desde então tenho aos poucos adotado a mentalidade essencialista que gosto de resumir em 2 pontos que compartilharei abaixo.
1. Trade-offs fazem parte da vida
“Não existem soluções. Existem apenas trade-offs.”
Thomas Sowell, economista
Vivemos em um mundo que parece valorizar as pessoas com base no número de projetos que estão equilibrando na cabeça. O Essencialismo desbanca a ideia de que estar ocupado é igual a ser produtivo. Mais importante ainda, nos lembra que, sem priorizar, nos colocamos em posição de fracasso, ou na melhor das hipóteses, mediocridade.
Quando você aceita que o tempo gasto em X significa menos tempo gasto em Y, você percebe que a melhor coisa que pode fazer é escolher entre X e Y, em vez de acreditar falsamente que pode fazer ambos.
Aceitar que essa escolha faz parte da vida e que isso implica em abrir mão de certas coisas, é uma maneira essencialista de encarar tomada de decisões.
Em vez de se perguntarem: 'O que tenho que abrir mão?' essencialistas se perguntam: 'No que eu quero investir de forma significativa?'
2. Se não é sem dúvida um "sim", então é sem dúvida um "não".
Somente quando internalizamos o conceito de que existirão trade-offs e que faz parte da vida abrir mão de certas coisas, é que aprendemos a falar “não” com mais frequência. Até mesmo para as pequenas coisas da vida que aos poucos vão consumindo nosso tempo e energia.
“Apenas porque fui convidado não parecia ser motivo suficiente para comparecer.”
Para se tornar habilidoso em dizer não a coisas não essenciais, você precisa aprender a separar a decisão do relacionamento. Dez minutos de arrependimento, preocupação por ter desapontado alguém ou por estar perdendo algo garantem que você não gaste mais de 60 minutos se arrependendo de algo ao qual disse sim!
“Se você não priorizar sua vida, outra pessoa o fará.”
Greg McKeown, autor de Essencialismo
Dizer não liberta você de encargos, e você pode até ganhar respeito, à medida que as pessoas se conscientizam de suas prioridades e compromissos.
Trade-offs e “não” são transversais aos setores das nossas vidas
Esses possíveis trade-offs que citei no primeiro ponto e os possíveis “nãos” que passamos a dizer com mais frequência valem para todos os setores da vida.
Um trade-off pode ser uma amizade, um hobbie, uma compra ou aquisição ou até mesmo os compromissos do seu próximo sábado a noite.
A mentalidade do Essencialista reside em fazer essas perguntas qualitativas para si mesmo a todo momento.
Então por onde começo a priorizar o que é essencial para mim?
Vale uma reflexão sobre o que você considera essencial e o que você está disposto a abrir mão para obtê-lo.
E saiba que o que é essencial para você pode não ser para outra pessoa. Se para você uma televisão boa é essencial, ou até mesmo 5 televisões 8K, uma por cômodo, que seja. No Essencialismo quem dita o mínimo é o seu desejo e o quanto você estará disposto a abrir mão para ter uma TV 8k em cada quarto, rs!
Não existe certo e errado.
Para mim, por exemplo, conforto e viagens são essenciais. Por isso, invisto em uma cadeira e colchão de qualidade e em viagens nacionais e internacionais ao longo do ano. Por outro lado, abro mão de ter um carro, que para mim não é essencial.
Da mesma forma, quando o assunto são roupas, me dedico a investir naquelas que compõe 80% do meu dia a dia. São nelas que me preocupo ainda mais em qualidade e durabilidade. A coleção dos Essenciais da Oficina é exatamente isso. Ela contempla a importância de simplificar o nosso guarda-roupa com 12 peças que realmente importam. A essência do nosso guarda-roupas.
O economista Gustavo Cerbasi uma dia respondeu em uma entrevista quando o perguntaram se ele se considerava um consumista ou minimalista:
“Nem um nem outro. Eu sou um essencialista. Eu poupo intensamente para gastar, e gastar muito, naquilo que é importante para mim.”
Gustavo Cerbasi, economista
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