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Le Creuset: um ícone do design prestes a completar 100 anos

A Le Creuset é mais do que uma marca, é um legado de inovação e qualidade que transformou as cozinhas ao redor do mundo. Desde sua fundação em 1925 na França, tem sido pioneira na fabricação de utensílios de cozinha em ferro fundido esmaltado. Explore conosco a rica história dessa marca que se tornou sinônimo de arte culinária e elegância na cozinha.

Le Creuset

11 minutos

A Le Creuset foi fundada em 1925 pelos artesãos belgas Armand Desaegher, especialista em fundição de metais, e Octave Aubecq, especialista no processo de esmaltagem, com o objetivo de trazer algo novo para um mar de utensílios de cozinha cinzentos e pretos, funcionais, mas sem inspiração, que eram o padrão no hemisfério ocidental. A filosofia da Le Creuset foi definida pelo que a marca chama de Les Trois Vérités ou "três verdades essenciais", que são "Primeira, Melhor e Favorita".

Les Trois Vérités ou "três verdades essenciais", lema da marca que significa a "Primeira, Melhor e Favorita".

Os fundadores escolheram Fresnoy-le-Grand em Aisne, no norte da França, como local de sua fundição porque estava localizado ao longo das rotas de transporte para as matérias-primas que eles precisavam: coque (um tipo de combustível derivado da hulha/ carvão betuminoso), ferro e areia, de acordo com a empresa. Mas como um item tão banal e corriqueiro em nossas vidas ganhou tamanha fama e reconhecimento quando fabricado por esses dois artesãos?

Afinal, a história das panelas remonta a cerca de 20 mil anos antes de Cristo, quando cerâmicas com marcas de fogueira foram encontradas na Caverna Xianrendong, Jiangxi, China. Contudo, dada a fragilidade do material, e as evidências arqueológicas limitadas, esse uso pode remontar a épocas ainda mais antigas.

Fragmentos de cerâmica com 20 mil anos encontrados na caverna Xianrendong, na província de Jiangxi, sul da China, em 2012, são os mais antigos conhecidos. Estudos arqueológicos da caverna indicam que ela era habitada por forrageadores nômades que caçavam e coletavam durante o Último Máximo Glacial. Os recipientes, que podem ter sido côncavos, provavelmente serviam para cozinhar alimentos. O local onde foram encontrados os fragmentos de cerâmica é uma das primeiras cozinhas.

Para explicar o que torna as panelas Le Creuset especiais, é preciso antes compreender os dois principais materiais que a compõe: o ferro fundido, e o esmalte.

O esmalte, ou esmalte vítreo, é feito pela fusão de vidro em pó a uma superfície como metal, argila ou pedra, queimando-o em um forno a uma temperatura superior a 800 graus Celsius. À medida que o vidro em pó aquece e derrete, ele se liga à superfície do material coberto como um revestimento para criar um acabamento liso, não poroso e antiaderente.

Inicialmente, a aplicação de esmalte envolveu a produção de obras de arte, joias e artefatos religiosos. Os primeiros objetos conhecidos foram anéis de ouro micênicos encontrados em uma tumba em Chipre e datam de 1230 a.C.

Os primeiros objetos indiscutíveis que usam esmalte são um grupo de anéis micênicos de Chipre , datados do século XIII a.C.

Artefatos de esmalte na Antiguidade Clássica foram descobertos em muitas regiões do mundo, como no antigo Egito, Grécia, China e em todo o Império Romano. Quando César conquistou a Grã-Bretanha em 56 a.C., descobriu que os celtas já criavam objetos esmaltados.

O Staffordshire Moorlands Pan, também conhecido como Ilam Pan , é um trulla de bronze esmaltado do século II dC com uma inscrição nomeando quatro dos fortes da Muralha de Adriano . A sua decoração utiliza esmalte vítreo colorido , na antiguidade uma especialidade da arte celta.

Por sua vez, os primeiros artefatos de ferro fundido datam do século 5 a.C e foram descobertos por arqueólogos no que hoje é o moderno condado de Luhe, Jiangsu, na China. Entretanto, o primeiro uso conhecido de panelas de ferro fundido ocorreu somente por volta de 220 d.C., igualmente na China, durante a Dinastia Han.

Apesar da qualidade, as panelas de ferro fundido também tinham seus defeitos, motivo pelo qual as pessoas queriam uma maneira de revestir o ferro para impedir que sabores metálicos ou ferrugem entrassem nos alimentos: algo resistente a ácidos e fácil de limpar, sem necessitar uma trabalhosa lavagem, e mais durável do que os revestimentos de estanho ou cobre.

Assim começa a história das panelas esmaltadas na década de 1760 na Alemanha. Cerca de cinquenta anos depois, na Tchecoslováquia, surgiram os revestimentos de esmalte de porcelana para panelas de cozinha e que se tornaram familiares em vários países europeus. A esmaltação já não se limitava às artes e ofícios decorativos.

E somente cerca de 150 anos depois, surge a Le Creuset, produzindo como primeiro item a “Cocotte”, uma versão menor da famosa panela holandesa. Em 1924, Armand Desaegher e Octave Aubecq, ambos belgas, conheceram-se numa exposição industrial em Bruxelas. Desaegher era um fundidor de ferro; Aubecq era esmaltador. Eles decidiram abrir um negócio juntos criando panelas de ferro fundido esmaltadas, fundando a empresa no ano seguinte.

Antigo anúncio da Le Creuset

O que torna mágica a história da marca é que os processos de fundição e esmaltação existiam há milênios, e a conjugação de ambos para a produção de panelas de ferro fundido esmaltado também já existia há séculos, e mesmo assim ela conseguiu tornar icônicos itens que já eram amplamente conhecidos e difundidos.

Isso se deveu numa parte por processos técnicos, noutra por questões estéticas. No primeiro caso, a empresa refinou o processo de esmaltação que revestia as panelas de ferro e elevou sua qualidade à um novo padrão de desempenho, qualidade, durabilidade e beleza. Não por acaso, as panelas da marca possuem garantia vitalícia, tornando-os objetos de herança em muitas famílias, e não é incomum encontrar fotos e vídeos da internet de itens com mais de meio século, em excelente estado de conservação.

A década de 1960 viu o lançamento da paleta Elysee Yellow, adorado por muitos, incluindo ninguém menos que a própria Marilyn Monroe. Em outubro de 1999, a coleção de Marilyn foi leiloada na Christies em Nova York por incríveis US$ 25.300!

Embora algumas novas tecnologias tenham sido incorporadas ao processo de fabricação da Le Creuset, muito permanece inalterado. A fabricação se inicia com moldes de areia, água, argila e outros componentes, comprimidos individualmente para cada peça, o que significa que todo item é único. Em seguida, são carregados em um transportador onde são preenchidos com o metal fundido, composto por uma mistura de ferros e outros metais (a Le Creuset não revela a fórmula exata), aquecidos em um caldeirão a incríveis 1500 graus Celsius.

Moldes sendo preenchidos por ferro fundido

Após o endurecimento do ferro, cada molde é então quebrado, e posteriormente agitado em esteiras vibratórias para retirar o excesso de areia grudada.

Moldes sendo posteriormente quebrados e agitados em esteiras, para se remover o excesso ainda grudado.

Após as peças resfriarem, é feita uma inspeção para identificar eventuais defeitos no processo de moldagem. Ao menor sinal de irregularidades, as peças são removidas da linha de produção, e retornam para os caldeirões, para serem novamente derretidas. As peças que superam o controle de qualidade, seguem para um processo, em parte manual, em parte mecânico, de remoção das pequenas rebarbas resultantes do processo de moldagem.

Processo de remoção de rebarbas.

A seguir, cada peça recebe um jateamento de areia para criar a porosidade ideal para a aderência dos esmaltes que virão a seguir. Como o esmalte colorido não se dá bem com o ferro fundido, a primeira camada é composta de um primer, que não apenas faz essa separação entre os materiais, mas também evita a ferrugem.

Peças após o jateamento de areia e aplicação do primer.

Depois vem a primeira esmaltação, onde cada peça gira graciosamente em um pedestal por exatos 7 segundo enquanto é pulverizada.

Aplicação de esmalte automatizada por pulverizadores

Em seguida, vão para um forno, onde são aquecidas a quase 800 graus até que o esmalte seque e vitrifique. Por fim, as peças recebem nova mão de esmalte, e retornam ao forno pra uma vitrificação final. Nesta etapa, as panelas e frigideiras com cores graduadas, que vão do escuro ao claro, recebem no final um spray extrafino de esmalte de cor mais escura, com o pincel se afastando lentamente de perto do centro da panela ou tampa, para dê-lhe aquele acabamento característico de chama ardente.

Processo de vitrificação do esmalte, em enormes fornos a 800 graus Celsius.

Do início ao fim, cada peça da Le Creuset Cada leva dez horas para ser feita e é tocada por não menos de 15 pares de habilidosas mãos. Este meticuloso processo de fabricação garante peças de espetacular qualidade, mas não explica, por si só, toda a mística que envolve a marca.

Isso pode ser explicado pela adição de um segundo ponto chave: a beleza.

Afinal, a marca tornou um dos itens mais comuns na vida de qualquer ser humano, as banais e sem graça panelas, em objetos aprazíveis, que deixaram de ser objetos escondidos em armários após o uso, para se tornarem artefatos de decoração, expostos sobre o fogão ou bancadas, colorindo e trazendo vida à cozinha.

Panelas Le Creuset em algumas de suas cores, em anúncio antigo.

E a iconicidade das panelas Le Creuset não advém apenas de seu design e forma, mas principalmente de suas vibrantes cores, em especial, as que formam o característico dégradé associado a empresa. A fundição original, com sua parte externa pintada na paleta "Chama" ou “Vulcânica”, um tom de laranja pendendo para vermelho, é a marca registrada da Le Creuset, e se tornou uma imagem reconhecível pela maior parte das pessoas, uma vez que seu design peculiar e chamativo fica na memória daqueles que as veem.

Este laranja vibrante, cor símbolo da marca, remete ao ferro fundido que as compõe, em processo de resfriamento e endurecimento, no qual os tons dos rubros do ferro em brasa se aprofundavam, criando uma gama expressiva de cores refletida no gradiente de cores incandescentes.

A escolha por esse dégradé de cores rubras não é um acaso, pelo contrário, está intimamente ligado ao nome e atividade da empresa.

E o nome da empresa também está ligado a essa pintura característica. Um “creuset” é o termo francês para ‘cadinho’ ou ‘caldeirão’, recipiente de cerâmica ou metal no qual metais são submetidos a temperaturas extremamente altas para serem derretidos. Portanto, a inspiração para o nome Le Creuset advém dos recipientes de fundição utilizados para fabricar os produtos da marca.

Caldeirão preenchido com ferro derretido, na fábrica da Le Creuset.

Talvez nem os fundadores imaginavam que essa singela escolha de material e cor resultaria em uma revolução no mundo da culinária. Até então, os utensílios de cozinha eram cinza ou pretos, e de acabamento poroso e áspero. O esmalte de porcelana Le Creuset tornou as panelas de ferro fundido mais fáceis de usar e limpar, eliminando a necessidade de pré-temperamento e cuidados especiais, ao mesmo tempo que mantiveram todos os benefícios do material, como aquecimento uniforme. Além de melhorar a função do ferro fundido, o revestimento de esmalte pioneiro trouxe cor a um mar de panelas cinzentas, estabelecendo a Le Creuset como líder em cor e design.

Recipientes com esmalte em diferentes cores, no interior da fábrica da Le Creuset.

A beleza das peças trouxe uma nova maneira de olhar para os utensílios de cozinha: eles poderiam ser não apenas funcionais, mas também apreciados como objetos de beleza.

Assim, as panelas Le Creuset entraram para o seletíssimo grupo de itens de cozinha amplamente reconhecidos por seu design e beleza, como a batedeira americana KitchenAid Artisan, a cafeteira italiana Moka Bialetti, os moedores de sal e pimenta de seus conterrâneos da Peugeot.

Alguns dos utensílios de cozinha com design mais icônicos e reconhecíveis já criados: as panelas Le Creuset, a batedeira KitchenAid Artisan, a cafeteira Bialetti Moka, e os moedores de sal e pimenta Peugeot.

No último século, a Le Creuset criou utensílios de cozinha em cerca de 100 cores diferentes. Muitas existem há quase tanto tempo quanto a marca, e as cores descontinuadas se tornam itens de coleção.

As diferentes cores de utensílios fabricadas pela Le Creuset.

A popularidade das cores varia de país para país. Os americanos escolhem principalmente tons primários (azul, vermelho e amarelo), enquanto os alemães preferem tons de azul mediterrâneo, e os tons pastel são favoritos no Japão. É claro que os franceses adoram a cor laranja característica que tornou uma das marcas mais icônicas de seu país tão famosa. E assim, todos os anos, os fãs aguardam o lançamento das novas cores da Le Creuset.