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Itália: o berço das artes cênicas

Descubra como a Itália, berço de inovações teatrais e expressões artísticas, moldou um legado cênico que ecoa através dos séculos, influenciando as artes em todo o mundo.

15 minutos

Dando continuidade ao artigo anterior já publicado aqui, explorarei dessa vez a importância da Itália nas artes cênicas e para isso eu começarei com algumas questões.

  • Porque a França é considerada o berço do Ballet Clássico quando na verdade ele nasceu na Itália?
  • Quais são os principais marcos históricos do teatro italiano e seu impacto nas artes cênicas globais?
  • Qual é o legado da ópera italiana e como ela contribuiu para a música e as artes cênicas?
  • Como a Itália mantém uma ligação com suas raízes teatrais antigas em produções contemporâneas?
  • Qual é a relação entre o teatro italiano e as outras formas de expressão artística, como a moda e o cinema?

Essas perguntas podem fornecer importantes insights sobre o papel da Itália nas artes cênicas e sua contribuição ininterrupta para o cenário cultural mundial.

Na verdade, eu não responderei uma a uma a essas perguntas, mas traçarei (muito superficialmente) um painel sobre o desenvolvimento dessas atividades artísticas que impactaram o mundo e que estão até os dias de hoje celebrando a arte e emocionando as pessoas.

teatro de pompeia
Teatro de Pompeia

Começando pelo teatro romano antigo que se inspirou nas tragédias gregas, como as de Sófocles e Eurípides, desempenhando um papel de grande importância na Itália. Ainda hoje a Itália é frequentemente considerada o berço do teatro ocidental e isso se deve por várias razões:

  1. Os romanos, em particular, desenvolveram formas de teatro que influenciaram o teatro posterior em toda a Europa pois construíram espaços grandiosos, como o Teatro de Pompeia e o Coliseu, que serviam como locais para apresentações teatrais, espetáculos de gladiadores e eventos culturais.
  2. Autores como Sêneca escreveram tragédias notáveis que influenciaram a dramaturgia posterior. Além disso, Plauto é conhecido por suas peças que moldaram a comédia ao longo da história.
  3. As técnicas teatrais romanas, como a máscara, a declamação e a cenografia, deixaram um legado duradouro que influenciou o teatro renascentista e, posteriormente, o teatro moderno.
  4. O teatro romano abordava questões políticas, religiosas e sociais e as peças frequentemente refletiam as preocupações da sociedade e eram uma forma de entretenimento popular.
Coliseu
Coliseu

O Teatro Renascentista

Este foi um período de renovação e florescimento teatral que ocorreu durante o Renascimento (período de grande interesse pela filosofia humanista e pela exploração das complexidades da natureza humana), principalmente na Europa entre os séculos XIV e XVII e foi marcado por várias características distintas. Muitas peças teatrais refletiam essas preocupações e exploravam questões éticas e morais.

Durante o Renascimento, houve um interesse renovado na cultura e nas artes da antiguidade clássica, incluindo o teatro grego e romano. Isso levou a uma reinterpretação das peças clássicas e ao desenvolvimento de novas obras inspiradas no teatro antigo.

O teatro renascentista viu o desenvolvimento de teatros fechados e permanentes, em contraste com as apresentações ao ar livre da Idade Média. Isso permitiu um maior controle sobre a iluminação e a cenografia e desempenhou um papel importante na evolução do teatro ocidental, influenciando tanto o teatro posterior quanto a dramaturgia. Muitas das convenções e técnicas desenvolvidas durante esse período ainda são fundamentais no teatro dos dias de hoje.

Machiavelli
Machiavelli

Alguns autores teatrais italianos desse período são:

Niccolò Machiavelli: Além de ser um importante filósofo político, também escreveu comédias políticas, como "A Mandrágora," que satirizavam a sociedade e a política de sua época.

Ludovico Ariosto: Conhecido por seu poema épico "Orlando Furioso". Escreveu também comédias, como "I Suppositi," que influenciaram a comédia renascentista.

Giraldi Cinthio: Autor de peças trágicas e cômicas, mais conhecido por seu trabalho "Gli Hecatommithi," que serviu de inspiração para peças de Shakespeare.

Pietro Aretino: Famoso por sua comédia "La Cortigiana," foi um autor provocador que escreveu peças que desafiavam as normas sociais da época.

Angelo Beolco (Ruzzante): Conhecido por suas comédias dialetais, é um exemplo de dramaturgia regional renascentista e é lembrado por suas peças em dialetos locais.

Giovanni Battista Giraldi (Cinthio): Seus trabalhos incluem tragédias, comédias e dramas pastorais.

Giacomo Torelli: Famoso por suas inovações na cenografia teatral e pelo desenvolvimento de técnicas que contribuíram para a cenografia barroca posterior.

Esses dramaturgos renascentistas italianos contribuíram para o desenvolvimento do teatro durante um período de intensa criatividade artística na Itália e influenciaram movimentos teatrais na Europa.

A Commedia Dell’Arte

Esta foi uma forma inovadora de teatro de improvisação que emergiu ainda no teatro renascentista italiano, no século XVI. Os atores desempenhavam papéis estereotipados, mas a maior parte do diálogo era improvisada, o que trouxe uma qualidade fresca e dinâmica ao palco, apresentando uma série de personagens arquetípicos, como o Arlequim, a Colombina, o Pantaleão e outros.

Os atores na Commedia Dell'arte frequentemente usavam máscaras distintas e figurinos extravagantes para representar personagens e emoções de forma exagerada, o que contribuiu para a estilização e a estética cênica. Essa abordagem teatral influenciou a moda e o design de figurinos.

A Commedia Dell'Arte viajou por toda a Europa, espalhando sua influência e contribuindo para o desenvolvimento do teatro em diferentes países e era conhecida por seu humor físico, situações engraçadas e comédia visual, características que ainda são apreciadas no teatro contemporâneo e na comédia.

Muitas peças de teatro renascentistas incorporavam música e dança, criando uma experiência teatral mais rica e diversificada.

A ênfase na improvisação na Commedia dell'arte influenciou outras formas de teatro e métodos de atuação, como o sistema Stanislavski, (o ator, diretor, pedagogo e escritor russo de grande destaque nos séculos XIX e XX) que enfatiza a espontaneidade contemporânea.

O papel da Ópera na Itália

La Scala, em Milão

A Ópera é uma forma de arte que combina música, drama e encenação e tem suas origens na Itália, no final do século XVI profundamente enraizadas na cultura italiana renascentista, combinando elementos da tragédia grega, tradições teatrais italianas e a inovação musical. Desde o seu surgimento na Itália, a ópera evoluiu e se expandiu para se tornar uma das formas de artes cênicas mais apreciadas em todo o mundo.

Havia durante o Renascimento um desejo de resgatar as tradições da antiguidade clássica o que levou ao desenvolvimento do teatro musical e os elementos trágicos, coros e narrativa dramática encontrados nas tragédias gregas serviram como inspiração.

Na Itália, eram comuns os "intermezzi", pequenas apresentações musicais e dramáticas realizadas entre os atos de peças de teatro que evoluíram para formas mais elaboradas e musicais, levando à ópera.

Com o passar do tempo a ópera uniu elementos teatrais e musicais de forma integrada, introduzindo recitativos para avançar a história e árias para a expressão emocional, criando uma nova forma de drama musical.

A ópera italiana logo se espalhou por toda a Europa, influenciando o desenvolvimento de diferentes tradições operísticas em países como França, Alemanha e Áustria.

A ópera ainda é uma parte integral da cultura italiana. Teatros de ópera famosos, como La Scala em Milão e o Teatro da Ópera de Roma, continuam a apresentar óperas clássicas e contemporâneas, atraindo artistas de renome internacional.

Teatro San Carlo e em seguida o Teatro Regio

As origens do ballet na Itália

Embora o ballet tenha se desenvolvido principalmente na França, suas origens se encontram na Itália do Renascimento. As primeiras formas de dança que deram origem ao ballet, como conhecemos hoje, têm suas raízes nas cortes italianas do século XVI.

Na Itália renascentista, as cortes nobres frequentemente organizavam festas e entretenimento que incluíam danças de corte. Essas danças, conhecidas como "balletti" ou "balli," eram frequentemente parte de celebrações e festas reais.

O ballet italiano começou a incorporar elementos narrativos e musicais, tornando-se mais do que apenas uma série de danças. A música ao vivo foi frequentemente incluída nas apresentações, o que mais tarde se tornou uma característica central do ballet.

Quando Catarina de Médici, uma nobre italiana, casou-se com Henrique II da França em 1533, ela levou consigo a tradição das danças italianas de corte e isso teve uma influência significativa na França e ajudou a espalhar essa nova forma de divertimento para a corte.

Durante o Renascimento, essas danças começaram a incorporar coreografias elaboradas e figurinos sofisticados, contribuindo para o desenvolvimento de um estilo mais teatral.

No final do século XVI, a França viu o desenvolvimento do "Ballet de Cour" (balé de corte), que era uma forma de entretenimento de dança cênica realizado na corte real. Essa forma de dança tornou-se precursora do ballet clássico.

Apesar das origens italianas, o ballet como o conhecemos hoje se desenvolveu principalmente na corte francesa durante o século XVII, com a fundação da Académie Royale de Danse (Escola Real de Dança) em 1661 durante o longo reinado de Luís XIV. No entanto, o impacto das danças de corte italianas desempenhou um papel crucial na evolução do ballet como forma de arte cênica.

As artes cênicas contemporâneas na Itália

Teatro Le Fenice

As artes cênicas contemporâneas na Itália continuam a ser uma parte vibrante e importante da cultura do país, pois ali se mantém uma cena teatral ativa em várias cidades, incluindo Milão, Roma, Nápoles e Florença. O teatro contemporâneo abrange uma ampla variedade de gêneros e estilos, desde produções clássicas até peças inovadoras e experimentais e refletem uma combinação de tradição e inovação, incorporando a rica herança teatral do país com uma abordagem moderna e diversificada para a criação artística. Elas continuam a atrair tanto artistas talentosos quanto audiências apaixonadas, mantendo a Itália como um importante centro cultural no cenário teatral global.

A Itália tem uma cena cênica contemporânea vibrante com muitos artistas talentosos e aqui estão alguns exemplos de artistas cênicos contemporâneos na Itália:

Roberto Benigni: Conhecido principalmente por sua carreira no cinema, Benigni também é um ator de teatro e diretor, famoso por seu monólogo no filme "A Vida é Bela" e por suas adaptações teatrais de Dante Alighieri, como "TuttoDante."

Emma Dante: Diretora e atriz de teatro premiada, conhecida por seu trabalho inovador e provocativo em produções teatrais e de ópera.

Moni Ovadia: Artista multifacetado, ator, cantor e autor, conhecido por suas interpretações teatrais e musicais que abordam questões sociais e políticas.

Elio Germano: Ator premiado que atuou em produções de teatro, cinema e televisão. Sua atuação em peças de teatro contemporâneo é amplamente elogiada.

Silvio Orlando: Ator versátil que atuou em peças de teatro contemporâneo e é conhecido por suas interpretações dramáticas e cômicas.

Chiara Muti: Diretora de ópera e teatro reconhecida internacionalmente. Ela dirigiu produções em muitos teatros de ópera e companhias de teatro de prestígio.

Massimo Popolizio: Ator e diretor que é elogiado por seu trabalho no teatro contemporâneo italiano. Ele é conhecido por suas interpretações em produções de peças de autores contemporâneos.

Roberto Benigni

Esses artistas representam uma variedade de disciplinas e estilos nas artes cênicas contemporâneas na Itália, desde atuação a direção teatral e ópera. Cada um deles contribui para a rica tapeçaria cultural do país e continua a elevar o padrão das artes cênicas italianas.

O cenário da dança contemporânea na Itália

Esta é uma atividade vibrante e diversificada, com uma série de companhias, coreógrafos e intérpretes que contribuem para a evolução da dança pois a Itália abriga várias companhias de dança contemporânea que se destacam por suas produções inovadoras. Algumas das mais renomadas incluem o Aterballetto, o Spellbound Contemporary Ballet e o Virgilio Sieni que abordam em suas apresentações uma variedade de temas da sociedade atual, desde questões sociais e políticas até a exploração da identidade e da tecnologia.

O país também é palco de festivais que atraem coreógrafos e dançarinos de todo o mundo. Exemplos incluem o Festival Oriente Occidente em Rovereto e o RomaEuropa Festival em Roma.

Existe uma geração de coreógrafos italianos que estão criando novas e ousadas coreografias de dança contemporânea não somente em solo italiano mas também colaborando com companhias internacionais.

A dança contemporânea na Itália muitas vezes incorpora elementos de diferentes tradições de dança e outras formas de arte, resultando em fusões criativas que desafiam as fronteiras da dança e o governo italiano e organizações culturais oferecem apoio financeiro e recursos ajudando a sustentar a cena artística.

Várias instituições de ensino de dança, como a Accademia Nazionale di Danza em Roma, desempenham um papel fundamental na formação de jovens dançarinos e coreógrafos.

Resumo da Ópera

As artes cênicas na Itália têm uma história rica e diversificada, que remonta à antiguidade e isto é assunto para enciclopédia. Espero ter podido traçar um painel que tenha te deixado, caro leitor, curioso com esse fascinante assunto.

Concluímos então por certificar que o legado italiano na dramaturgia, na música e na dança é inegável e sua influência ressoa em teatros de todo o mundo pois, à medida que as artes cênicas evoluem, a Itália permanece um ponto de referência, demonstrando a capacidade do país de equilibrar tradição e inovação na cena teatral global.