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Dia dos pais: Arthur Rufino, CEO da JR Diesel, e Geraldo Rufino, presidente

Pai e filho contam como duas personalidades tão diferentes se adaptaram para criar uma das empresas mais relevantes do país em sua área.

Aos 16 anos, Arthur Rufino e o irmão tiveram que deixar de lado a “vida de playboy” para ajudar o pai, Geraldo Rufino, na empresa que ele havia fundado quase duas décadas antes, a JR Diesel, a maior do Brasil em desmanche de carros e caminhões. Começava aí a trajetória que o levaria à presidência da empresa, lugar que ocupa hoje, e a encontrar seu jeito próprio de administrá-la. “Durante muito tempo, eu achava que tinha que ser um novo Geraldo. Meu primeiro nome é Geraldo! Mas somos muito diferentes. Com o tempo, aprendi a aproveitar as muitas lições que ele nos deixa, mas usando tudo do meu jeito”, diz o CEO da JR Diesel. Enquanto o filho prefere ficar nos bastidores e levar uma vida low profile, Geraldo, o original, passou para o conselho da empresa e corre o mundo dando palestras e repassando o que aprendeu sobre empreendedorismo desde os 8 anos de idade, quando foi trabalhar catando latinhas. “Vendi pastel, ensaquei carvão, fiz de tudo. Mas fiz tudo sempre sorrindo. Esse é o segredo de vender bem: sorrir”, diz o fundador. Aqui, pai e filho contam como duas personalidades tão diferentes se adaptaram para criar uma das empresas mais relevantes do país em sua área.

Geraldo, em que momento você resolveu chamar os filhos para perto?

Geraldo: A gente começou com uma linha de transporte, mas quando os caminhões batiam, tínhamos que vender parte das peças que restavam. Formalizamos e abrimos uma pequena empresa chamada JR Diesel. Crescemos muito, ganhamos dinheiro, mas veio a arrogância, a prepotência, e a gente quebrou. Foi nesse momento que chamei os filhos para cá, para me ajudar. Não dava pra mandar estudar na Suíça. Foi também uma oportunidade para que eles ficassem mais próximos a nós. Desde os 9 anos eles já vinham para a JR Diesel, então estavam acostumados. Mas aí começaram a trabalhar mesmo, a fazer parte do dia a dia pois a gente tava sem dinheiro até pra condução, tínhamos que pegar carona com o caseiro. O fato de não termos mais dinheiro uniu a família. E todos juntos, incluindo a mãe e o irmão, refizemos nossa história aqui dentro.

Arthur: A gente tinha um problema sério de ser playboy nessa fase [risos]. A gente tinha acesso à riqueza, mas sem entender de onde ela veio. Então foi super importante pra gente, primeiro, dar de cara com os valores que meu pai incutiu aqui. Muito importante também que a gente foi forçado a começar a trabalhar cedo. Eu tinha 16 anos, meu irmão 14… Em um período de 5 anos, de reestruturação da JR Diesel, a gente teve a oportunidade de ver a empresa nascendo de novo. E isso acabou sendo uma faculdade. O que eu acabei não estudando em outro canto, estudei aqui dentro.

Geraldo: Eu não planejei eles virem pra empresa. Meu plano era que fossem felizes, interessados por algo, que fizessem a diferença no mundo. Mas já que eles vieram, pra mim é felicidade dobrada. Eu não sou apegado ao que eu construí, mas é claro que, estando na mão deles, é muito melhor. Meus filhos trouxeram a inovação que a gente precisava.

Vocês são bem diferentes. Como foi essa adaptação?

Arthur: No começo eu enlouqueci muito com ele, queria matá-lo diariamente [risos]. Temos perfis opostos. Seria um inferno total se não fosse o fato de que aprendi a usar tudo isso como escola de inteligência emocional, passei a ver diversão nesse aprendizado constante. Depois de reclamar muito do volume de barreiras que o comportamento dele colocava à minha frente, passei a ser extremamente grato por ter essas lições tão cedo. Hoje posso dizer que qualquer sucessor deve agradecer diariamente esse inferno porque significa que ele teve a oportunidade de pular a fase de construção do negócio e passar direto para a fase da construção pessoal. E isso é um privilégio.

Eu tinha os valores, a gratidão, a alegria, a solidariedade, a vontade de ajudar os outros também, pois para mim empreender é isso.

Que diferenças são essas?

Geraldo: O Arthur sempre foi low profile. Tímido, na dele, educado, organizado, desde pequeno preocupado com a ética. Nunca deu trabalho. Eu sou dos relacionamentos, sou expansivo, do povo. Somos diferentes por natureza. Em vez de eu fazer festa porque ele não dava trabalho, eu achava que ele tinha problema porque os outros irmãos davam [risos]. Mas o amor é maior do que as diferenças.

Arthur: Somos uma família. Então não dá pra pedir demissão. Como você se demite da família? Você tem que aprender a conviver, entender e aprender com quem pensa de outro jeito. E meu pai me ensinou muito… Percebi que podia, do meu jeito, aplicar o que ele ensinava e ter resultados parecidos ou até melhores.

Arthur, como você achou seu caminho aqui dentro, diante de todo esse entusiasmo e da presença forte do seu pai?

Arthur: Acho que eu trouxe um olhar diferente. Meu pai e meu irmão são muito parecidos. Em 2012, depois de viajar por 9 países para entender como funciona esse modelo de negócio do desmanche em outros lugares, passei a poder exercitar o meu estilo de gestão. E com todos os conflitos e sorrisos, começamos a entender a complementaridade. De respeitar o legado e olhar para o futuro. Em 2013, tivemos a oportunidade de construir juntos, aqui dentro, meio que por acidente, a Lei do Desmanche, Fico muito satisfeito ao ver o efeito dessa lei, que reduziu em 26% o roubo de carros em São Paulo. E isso é o meu propósito aqui dentro, mudar essa realidade. Eu quero tornar o roubo de veículos insignificante no Brasil. Pra isso, precisava de uma nova rodada de inovação, de passar isso para que os concorrentes também possam desenvolver isso. Eu encontrei um caminho e uma forma de me realizar trazendo inovação.

Geraldo: Eu tinha os valores, a gratidão, a alegria, a solidariedade, a vontade de ajudar os outros também, pois para mim empreender é isso. E tinha alguns maus hábitos também, claro… Meus filhos vieram com a inovação. Sou muito feliz em saber que muitas coisas que eles fazem, fazem bem melhor do que eu.